segunda-feira, 28 de junho de 2010

Desde-já-bafo

Ao escrever, entre vãos e vens, descobri que as palavras que realmente me descobrem são as que aparecem quando o assunto fácil falta. Falar de aventuras desventurosas ou ilusões amorosas é tão profundo quanto uma acne. E surgem na mesma faixa e(o)tária.

No começo o assunto parece brotar no meio da sua testa-teclado. Claro que você nunca dirá tratar-se de cornos (mesmo que sejam). O espelho será seu guia nos próximos passos digitais. Você então prepara suas mãos hábeis e começa a observar-se. Prazer e dor logo se misturarão naquele espetáculo sebáceo, pouco estimulável. Aquilo deixará marcas, mas esta luta contra o próprio corpo parece ser o seu baluarte de auto-estima-destrutiva.

Já revigorado pelo resultado, a publicização daquilo deve ser imediata. O pus vira troféu numa inversão bukowskiana de papéis orgânico-sociais. A vergonha daquela excreção vira prazer quando vista e reconhecida por outros como deles também. Não importa a cicatriz que deixa, aquilo já foi revigorante para você e para o possível voyeur-leitor.

(...)


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