quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Cidides Perdadas

Uma sombra na praça, o vento que acalma o espírito e o banco que acolhe. As vezes penso como gêmeas tomando sorvete na rua, uma sempre mais serena que a outra, que invariavelmente foge da calçada, cuja vida contingente não poderia ser melhor.

O hoje busca novidade, o calor pior, o lugar mais longe, das pessoas menos suas, diferente do ontem de sempre, distante dos lugares comuns automatizados. Os diferentes percebem os ontem-hoje de outrem, que clamam tácitos para você apenas constar ali, pontualmente. Ao reclamar e descaracterizar este novo lugar - não seu - estará por clamar um ideal, o ontem próprio cotidiano.

O solo de guitarra interminável, na praça da igreja dos outros, lhe deixa ainda mais longe de tudo do que perto de casa. Pisando em ovos fritos no asfalto, o tempo-seu ali passa muito mais rápido do que o dos que ouvem o som de sempre, em redomas andantes de vidas-suas de ontem-hoje. Cidade que se encontra, que se discute, no tempo livre da semana, dos bichos presos e crianças soltas pela rua.

Cidades perdidas, que se encontram tão longe da perdição quanto das casas-ontem. 

Nos descaminhos das calçadas trôpegas, os sons se misturam e se anulam, emulando uma pressa desconectada dessa vivência nova (e breve). A busca pelo encontrar-se vive em si mesma, forasteira de uma Paradise City (não-sua) pelo caminho.   

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