segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Angst

A maior angústia de um escritor é a página em branco.

Depois de um período de alguma inspiração (grande coisa...) fui instintivamente fugindo deste embate contra as pálidas superfícies, preferindo encarar as folhas já derrotadas. As lia como se estivesse fazendo pirraça, comemorando vitórias que, embora fossem das melhores, não eram minhas, e escondendo o meu vexame maior - a covardia literária. O meu a favor era torcer contra.

Dias, meses foram passando e minha existência verbal se resumia a papos informais. Meras doxas ou mesmo os entulhos acadêmicos de sempre. Meus textos passaram das duas mãos às duas cabeças, impulsivo como sempre e agora, cada vez mais, contingente. Os silêncios continuavam bem decorados, mas as páginas continuavam lá, plácidas, ao mesmo tempo me encarando e me tentando. E eu nem tentava.

Até que me rebaixei aos 140 caracteres...
o que parecia o fundo do poço para os ortodoxos (ou ainda o hype do momento para os descolados) acabou se tornando a minha fuga e o meu limbo. O conforto que senti ao poder continuar espalhando meus retalhos de ironia e semgracisse me faziam pensar se aquilo tudo não era apenas eu comendo o queijo da minha própria ratoeira.

Pois bem, aqui estou. Desafiando mais uma vez essa traiçoeira noção de vácuo semântico e sua aliada tecla que tudo apaga (e que 'por acaso' tem o END do lado); com o agravante de que o hímen-tal, sempre presente, está agora fortalecido pelo tempo em que apenas me diminuía somando me às vitórias de outros. Para, quem sabe, todo esforço ser recompensado com ainda mais trabalho.

A mim.

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